Tardes
da minha terra, doce encanto,
Tardes
duma pureza d’açucenas,
Tardes
de sonho, as tardes de novenas,
Tardes
de Portugal, as tardes d’Anto,
Como
eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!...
Horas
benditas, leves como penas,
Horas
de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas
horas de dor em que eu sou santo!
Fecho
as pálpebras roxas, quase pretas,
Que
poisam sobre duas violetas,
Asas
leves cansadas de voar...
E
a minha boca tem uns beijos mudos...
E
as minhas mãos, uns pálidos veludos,
Traçam
gestos de sonho pelo ar...FLORBELA ESPANCA
Livro de mágoas (1919)
Referência:
PEREIRA, José Carlos Seabra (org. e notas) - Obra Poética, volume I, de "Obras de Florbela Espanca". Lisboa: Editorial Presença, 2009, p. 78.