Imagem de um artigo publicado em Le Mauricien
O
meu Destino disse-me a chorar:
—
“Pela estrada da Vida vai andando,
E,
aos que vires passar, interrogando
Acerca
do Amor que hás-de encontrar.”
Fui
pela estrada a rir e a cantar,
As
contas do meu sonho desfilando...
E
noite e dia, à chuva e ao luar,
Fui
sempre caminhando e perguntando...
Mesmo
a um velho eu perguntei: — “Velhinho,
Viste
o Amor acaso em teu caminho?”
E
o velho estremeceu... olhou... e riu...
Agora
pela estrada, já cansados
Voltam
todos p’ra trás desanimados...
E eu
paro a murmurar: — “Ninguém o viu!...”
Livro de mágoas (1919)
Referência:
PEREIRA, José Carlos Seabra (org. e notas) - Obra Poética, volume I, de "Obras de Florbela Espanca". Lisboa: Editorial Presença, 2009, p. 86.