VELHINHA E MOÇA [1]
O tempo, mansamente, há de espalhar
Flocos de neve sobre os meus cabelos,
Numa carícia deixará os selos,
No meu corpo gentil, o seu sabor…
Ao meu sangue fremente, a palpitar,
Hão de esfriá-lo sucessivos gelos,
E aos meus seios graciosos hei de vê-los
Mirrados como lírios a fechar…
Mas mesmo quando for
assim velhinha
O teu amor fará um alvoroço
Na minh’alma e graça de menina
E até morrer, o meu
olhar cansado,
Fitando o teu há de
julgar-se moço,
Num enlevo de eterno
enamorado.
Florbela Espanca
[1]
Um de seis sonetos inéditos – e até hoje
desconhecidos – de Florbela, divulgado na conferência-recital “Os Poemas
Inéditos de Florbela Espanca”, org. Associação Nova Acrópole, Lisboa, 06.12.2013.
– conferência proferida por José Carlos Fernández; poemas declamados pelo Grupo
de Poesia Florbela Espanca da Nova Acrópole.
Reprod.
in GONÇALVES, Severina (2013), Poemas
Inéditos de Florbela Espanca, Lisboa: Edições Nova Acrópole. [ainda não vi édito
este livro]