EXILADA [1]
Paisagem alentejana, reprodução de tela. Imagem divulgada por Eduardo Luís Godinho, no Facebook. |
Quem pôs dentro de mim esta ânsia ardente
De quanto é belo e puro e luminoso
— se eu tinha de viver, humanamente,
Prisioneira d'um mundo tormentoso?
Quem me formou um coração fremente,
Torturado, exigente, cobiçoso
D’Altura, d’Infinito – se, impotente,
Queria limitar meu voo ansioso?
Ah! Não sou deste mundo! O meu país
Não é este, onde o sonho contradiz
A realidade! Eu sou uma exilada,
Que um duro engano fez nascer aqui!
Tirem-me da prisão onde caí!
Arranquem-me as algemas de forçada!
Florbela Espanca
[1]
Um de seis sonetos inéditos – e até hoje
desconhecidos – de Florbela, divulgado na conferência-recital “Os Poemas
Inéditos de Florbela Espanca”, org. Associação Nova Acrópole, Lisboa, 06.12.2013.
– conferência proferida por José Carlos Fernández; poemas declamados pelo Grupo
de Poesia Florbela Espanca da Nova Acrópole.
Fonte escrita do poema: Recordar Florbela
Espanca – Comunidade
no Facebook.
Reprod.
in GONÇALVES, Severina (2013), Poemas
Inéditos de Florbela Espanca, Lisboa: Edições Nova Acrópole. [ainda não vi édito
este livro]