Deixa-me
ser a tua amiga, Amor;
A
tua amiga só, já que não queres
Que
pelo teu amor seja a melhor
A
mais triste de todas as mulheres.
Que
só, de ti, me venha mágoa e dor
O
que me importa a mim?! O que quiseres.
É
sempre um sonho bom! Seja o que for
Bendito
sejas tu por mo dizeres!
Beija-me
as mãos, Amor, devagarinho...
Como
se os dois nascêssemos irmãos,
Aves
cantando, ao sol, no mesmo ninho...
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei p’ra minha boca!...
FLORBELA ESPANCA
Livro de mágoas (1919)
Referência:
PEREIRA, José Carlos Seabra (org. e notas) - Obra Poética, volume I, de "Obras de Florbela Espanca". Lisboa: Editorial Presença, 2009, p. 72.